Disciplina de Biologia da Conservação oferecida no PPG-CiAC: desafios e aprendizados em tempos de pandemia

     Entre 26 de outubro e 13 de novembro, foi ministrada a disciplina de Biologia da Conservação que, assim como as demais disciplinas do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação (PPG-CiAC), em 2020, ocorreu de forma remota. Nove alunos do PPG Ambiente Sociedade e Desenvolvimento (ProASD), um dos outros PPGs do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade/UFRJ em Macaé, e 10 alunos do PPG-CiAC participaram da disciplina.

 Biologia da Conservação foi ministrada por quatro professores credenciados do PPG-CiAC – Patricia L. Mancini (responsável), Pablo Gonçalves, Luciano G. Fischer e Rafael Nogueira Costa, além da colaboração da Dra. Paula Debiase, professora do NUPEM/IUFRJ e da analista ambiental Patricia P. Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), do Instituto de Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

     As aulas ocorreram de forma remota das 19 às 21:00 e um dos desafios foi apresentar o conteúdo em tempo mais curto que o usual, bem como estimular a participação dos alunos. Em geral, as aulas ultrapassaram o tempo proposto devido a frequente interação dos professores e alunos. Um dos pontos altos da disciplina foi a simulação de uma audiência pública, na qual grupos de alunos foram distribuídos em salas virtuais para elencar os tópicos defendidos pelos diferentes atores envolvidos no empreendimento simulado (empresários, acadêmicos e comunidade local). Essa atividade foi muito elogiada pelos alunos na avaliação da disciplina:

“Muito coerente no momento em que estamos vivendo, fluiu super bem, mesmo no modelo virtual. Ótima oportunidade integrativa junto aos colegas. Amei!”

“Achei muito legal. Foi importante para pensarmos um pouco sobre a perspectiva de cada parte envolvida em uma audiência pública e também gerou uma interação maior entre a turma, algo que acaba sendo mais difícil de se fazer em aulas online.”

“Achei um método diferente e interessante de avaliação. Fez com que os alunos interagissem e cooperassem até mais do que nas outras aulas, e motivou o debate sobre uma questão ambiental muito relevante. Adorei!”

     Seminários foram realizados em duplas ou trios e abordaram os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (http://www.agenda2030.com.br/). Os alunos pesquisaram e apresentaram as soluções já existentes para enfrentar os diversos desafios socioambientais em escala local e global. Eles também foram provocados a sugerir ações ou criação de produtos e tecnologias para superar esses desafios.

     Consultados sobre as vantagens do ensino remoto, os alunos apontaram a comodidade de assistir às aulas de suas residências, a economia de tempo e recursos financeiros com os deslocamentos para o NUPEM/UFRJ, que por ora não se fazem necessários. Em relação às desvantagens foram elencadas a ausência do “olho-no-olho”, a dificuldade de concentração e falhas na conexão de internet.

“Na minha opinião a única desvantagem é que a conexão nem sempre ajuda os alunos e às vezes os próprios professores, mas é a primeira vez que eu tenho aula remota e tenho adorado. Curiosamente, acho que os alunos acabam ficando mais próximos e interagindo mais. Talvez porque continuamos em o contato pelo “WhatsApp” e ocorre muita interação pelo “chat” durante as aulas, também.”

“No meu caso a segurança, pois sou do grupo de risco por conta de comorbidades. Outra vantagem é a economia de dinheiro e de tempo. Lógico que a desvantagem é a falta do olho-no-olho, da boa conversa e do bom debate ao vivo, mas estamos nos adaptando bem à vida online.”

“Vantagens: Flexibilidade de horários, Acessibilidade, Exige maior dedicação e organização; Desvantagens: Distrações”

“Eu amei o ensino remoto porque eu tinha muitas dificuldades de deslocamento para o NUPEM/UFRJ. Eu também me concentro mais quando estou sozinha assistindo e isso foi muito positivo para o meu aprendizado”.

“O ensino remoto nesses tempos de pandemia revelou-se como uma estratégia muito eficiente, considerando as medidas de afastamento social necessárias. A desvantagem seria apenas a falta de interação física, como ocorre nas aulas presenciais. Mas nada que tenha prejudicado muito.”

“Em casa a gente se distrai muito, e sinto a falta do calor humano.”

    Todas as respostas dos alunos inseridas no texto foram extraídas do Formulário de Avaliação da disciplina, respondido de forma anônima pelos discentes. O objetivo desta avaliação foi identificar os pontos fortes e pontos de melhoria na disciplina como forma de aperfeiçoá-la a cada edição. Ao todo, 19 alunos com idade entre 22 e 59 anos e de diversas formações (biólogos, engenheiras, advogada, enfermeira, jornalista e administrador) cursaram Biologia da Conservação.

    Apesar dos docentes e discentes torcerem por um retorno presencial seguro em 2021, a edição remota de Biologia da Conservação foi inclusiva e instigou novas formas de ensinar e aprender.

Texto elaborado pela pesquisadora Patricia Luciano Mancini, Pós-Doutoranda PNPD do PPG-CiAC.

Figura 1. Professor Pablo Gonçalves ministrando aula sobre Genética na Conservação.

 Figura 2. Alunos participando da dinâmica de simulação de audiência pública na aula prática da disciplina de Biologia da Conservação.

 Figura 3.  Apresentação de seminários pelos alunos da disciplina de Biologia da Conservação.

 Figura 4.  Alunos apresentando seminários na disciplina de Biologia da Conservação.

Figura 5. Turma de 2020 da disciplina de Biologia da Conservação oferecida para alunos do PPG-CiAC e ProASD

entre 26 de outubro a 13 de novembro.