Por Dayana V. P. Andrade (Egressa do PPGCiAC)

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Foto 1: Estágio de Docência sob a supervisão dos professores Dra. Ana Cristina Petry e Ms. Carlos Alberto Cunha Filho, em junho de 2018.

Em 2018 eu realizava o meu Estágio de Docência, parte integrante da minha formação como aluna de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPG-CiAC/UFRJ). Eu só não sabia que aquela saída de campo me traria tanta alegria, cinco anos mais tarde.

 A disciplina era “Dinâmica da Terra”, oferecida aos alunos do primeiro período de graduação em Ciências Biológicas do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ), pelos professores Dra. Ana Cristina Petry e Ms. Carlos Alberto Cunha Filho (Professor Substituto, Doutorando do PPG-CiAC à época). Sob a supervisão dos dois, eu tive o prazer de acompanhar as aulas naquele primeiro semestre de 2018 e desenvolver as atividades relacionadas ao meu Estágio de Docência – obrigatório para bolsistas do Programa de Demanda Social da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Uma dessas atividades que fui responsável por conduzir foi a aula de campo que aconteceu na então Fazenda Escola São Sebastião. Naquela fazenda, eu e Ms. Felipe Pasini (também egresso do PPG-CiAC) éramos os responsáveis por cinco áreas demonstrativas de agrofloresta sintrópica, nas quais os cultivos agrícolas eram associados às estratégias de recuperação de áreas degradadas. Naquele 25 de junho de 2018, nossos plantios serviram como “laboratório vivo” para a observação e a discussão sobre os temas tratados em sala de aula: formação e disponibilidade de solo fértil; influência das práticas convencionais de agricultura na alteração dos ciclos biogeoquímicos; práticas agrícolas alternativas que se baseiam na recuperação da fertilidade biológica do solo; alterações positivas e negativas na paisagem; processos de erosão em contraposição à restauração florestal etc. Fizemos coletas de amostras de solo em pontos distintos, dentro e fora das plantações, de modo que os alunos pudessem analisar os diferentes tipos de solo (argiloso/arenoso; com e sem matéria orgânica) e a consequente diferença nas capacidades de retenção de água, equilíbrio da temperatura, compactação e fragmentação, presença de microorganismos decompositores, além de diferenças na cor e na textura. Compartilhamos em grupo as percepções e as discutimos dentro do contexto do Antropoceno, da hipótese da Grande Aceleração e do debate sobre os Limites Planetários que lhe é consequente.

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Foto 2: Alunos do curso de Ciências Biológicas em aula de campo da disciplina “Dinâmica da Terra”, em junho de 2018.

Para mim, aquela experiência já havia sido marcante por si só, tanto em termos profissionais quanto pessoais. Mas, em visita recente ao NUPEM, eu (remotamente) e o Felipe (presencialmente) tivemos a enorme alegria de encontrar uma próspera agrofloresta idealizada e implantada por alunos que haviam participado daquela aula de campo, cinco anos atrás. Onde antes havia apenas um espaço abandonado, hoje cresce um sistema biodiverso que convida a todos para a interação e a reflexão. Se aquele primeiro contato serviu como um estímulo inicial para o que viria a se tornar esse belíssimo “projeto-movimento” - como os próprios alunos o classificam -, foi graças ao empenho coletivo que essa ideia se tornou realidade. Hoje a agrofloresta integra o Projeto de Extensão “Árvore-ser” que, a seguir, é apresentado pelas palavras de seus próprios interventores.

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Foto 3: Agrofloresta no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ), em novembro de 2023.

Vale destacar que nosso encontro e os frutos que germinaram a partir dele só foram possíveis porque fazemos parte de uma instituição que sedia programas de graduação e de pós-graduação e que desenvolve projetos de extensão que promovem a integração entre esses diferentes níveis de formação. Essa experiência evidencia a importância e a relevância do NUPEM/UFRJ e da CAPES.

 

ÁRVORE-SER: REFLEXÕES E PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS

André Ramos, André Santos, Bruno Vasconcelos, Paulo Gonçalves, Luciano Fischer, Rafael Costa

A proposta surgiu a partir de um coletivo para a implementação de um recinto agroflorestal, com forte protagonismo dos estudantes do curso de Graduação em Ciências Biológicas do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ. Movidos pelas reflexões e práticas agroecológicas, o coletivo se ergueu e saiu da fase do planejamento para a fase da execução das ações. Muitos frutos surgiram deste movimento, como o projeto de extensão “Árvore-ser”, que apresenta objetivos de promover o aumento da biodiversidade local, da cobertura do solo e o reflorestamento da área a partir do plantio e manejo de espécies frutíferas e florestais, utilizando metodologias agroecológicas e reflexões sobre Agroecologia. Assim, o que antes era terreno baldio aterrado, hoje é um laboratório e sala de aula viva que proporcionam diversos estudos e aprendizados nas ciências biológicas, filosóficas, políticas e sociais. Entre ninhos e capoeiras, as muvucas crescem e vigoram, assim também brotam os conhecimentos e as discussões críticas, evidenciando mais uma vez o poder da diversidade.

Além disso, percebeu-se a potência da promoção de atividades educativas com escolas de Macaé e região e a possibilidade de  proporcionar experiências com a Agroecologia para a formação básica e continuada. Portanto, o campo da construção do conhecimento agroecológico foi acessado a partir de diferentes visões, seja ela agrícola, pedagógica ou política. 

Muitos encontros já foram realizados no espaço agroflorestal. As mudanças têm produzido novas formações críticas de educadores e pesquisadores em Agroecologia, além de ter despertado o interesse de docentes para esta prática, até então praticamente inexistente no currículo das Ciências Biológicas do NUPEM/UFRJ. Para tanto, tem-se utilizado a práxis e a dialogicidade como vetores do processo de construção do conhecimento a partir de abordagens bioculturais e da implementação agroflorestal como mediadores do processo de aprendizagem. A proposta busca discutir epistemologias e ontologias que abranjam as diversidades integrando educação-pesquisa-extensão enquanto forma de envolvimento e engajamento político estudantil, para construção do conhecimento agroecológico.  

Seguimos neste arvorecer coletivo!

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Foto 4: Encontro em novembro de 2023. Da esquerda para a direita: Professor Rafael Nogueira Costa, Paulo Gonçalves, Josiane de Oliveira, André Ramos, Bruno Vasconcelos, Felipe Pasini e André Santos.

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Foto 5: Visita à agrofloresta do Projeto Árvore-Ser, no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ), em novembro de 2023.

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Foto 6: Visita à agrofloresta do Projeto Árvore-Ser, no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ), em novembro de 2023.

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