Duas novas espécies de pequenos crustáceos foram descobertas por duas pesquisadoras do “Projeto Costões Rochosos: Ecologia, Impactos e Conservação na Região dos Lagos e Norte-Fluminense”. O projeto é executado por pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade NUPEM/UFRJ e do Museu Nacional/UFRJ.
As novas espécies foram descritas pelas pesquisadoras Dra. Cristiana Silveira Serejo e Dra. Juliana Segadilha, ambas do Laboratório de Carcinologia do Museu Nacional/UFRJ. O artigo foi publicado na última edição do periódico Zoosystematics and Evolution.
Uma das espécies descoberta pertence ao gênero Pseudozeuxo, e foi batizada de Pseudozeuxo fischeri. Segundo as palavras das pesquisadoras no trabalho publicado, "o nome foi uma homenagem ao professor Dr. Luciano Fischer, pela sua competente coordenação do projeto, além de seu entusiasmo e paixão pelo mundo marinho”. Esta espécie foi registrada apenas nos costões rochosos da praia de Areias Negras, no município de Rio das Ostras, RJ. Atualmente são conhecidas apenas duas espécies do gênero Pseudozeuxo no mundo.
A outra espécie descrita foi denominada Apseudomorpha brasiliensis, efoi registrada apenas no Arquipélago de Santana, localizado a oito quilômetros da costa de Macaé.
Essas duas espécies de pequenos crustáceos medem 1-2 mm de comprimento e pertencem ao grupo dos tanaidáceos, que são relativamente pouco estudados no Brasil. Tanaidacea é uma ordem de pequenos crustáceos (semelhantes a camarões) que possui cerca de 940 espécies descritas no mundo, e apenas 56 foram registradas no Brasil.
Na visão do professor Luciano Fischer, esses resultados são fruto da competência e profissionalismo das pesquisadoras do Museu Nacional/UFRJ, Cristiana Serejo e Juliana Segadilha. "Essas espécies novas foram descobertas em locais de fácil acesso, e mostram o desconhecimento da nossa fauna local, principalmente em grupos de organismos que são pouco estudados. Além disso, evidencia a necessidade de formação de especialistas em taxonomia de inúmeros grupos de organismos", afirmou o professor. Ele destaca ainda a grande importância de parcerias institucionais para o avanço do conhecimento científico. Por fim, ele ressalta que o estudo das pesquisadoras não tem importância apenas para a área da taxonomia: ele também mostra a importância da conservação da biodiversidade em cada uma dessas praias, visto que uma das espécies só foi encontrada na praia de Areias Negras e a outra apenas do Arquipélago de Santana.
O Projeto Costões Rochosos é financiado pelo Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira que é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa Petrorio, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF/RJ, com implementação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - Funbio.
Texto elaborado pela pesquisadora Patricia Luciano Mancini.
Figura 1. Pseudozeuxo fischeri (Segadilha e Serejo 2020), espécie nova descrita pelas pesquisadoras Juliana Segadilha e Cristiana Serejo.
Figura 2. Pesquisadoras do Projeto Costões Rochosos durante coleta na praia das areias Negras (RJ) onde a espécie nova foi encontrada. À esquerda: Cristiana Serejo, Thaiana Garcia e Barbara Calçado (Museu Nacional/UFRJ) e Thayná Sarinho (NUPEM/UFRJ). À direita: Juliana Segadilha (Museu Nacional/UFRJ).
Figura 3. Execução e Apoio Financeiro: