Terça-feira, 16/07/24, às 9h, por videoconferéncia, acontecerá a Defesa de Mestrado de Débora Coelho Venâncio
Resumo
Cerca de 1/3 das espécies de aves marinhas do mundo são registradas no Brasil (99 espécies) e, dentre essas, 21 estão ameaçadas de extinção. As principais ameaças são a introdução de espécies exóticas em ilhas, a captura incidental pela pesca, poluição e mudanças climáticas. Algumas dessas ameaças e fatores naturais, como fortes ventos e tempestades, resultam em encalhes de indivíduos nas praias.
Em sua dissertação, Débora avaliou a variação espaço-temporal do número de espécies e da quantidade de aves marinhas encalhadas entre as latitudes 19º e 28º S, investigando se o número de indivíduos encalhados está relacionado aos meses de migração das espécies e se espécies costeiras são mais frequentes nos registros em relação às espécies oceânicas. As informações sobre encalhes foram obtidas na base de dados do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobrás, que realiza busca ativa diária de encalhes de animais na costa brasileira. No estudo, o período do monitoramento foi compreendido entre agosto de 2019 e julho de 2021, entre os municípios de Conceição da Barra(ES) e Laguna(SC).
Foi registrado o encalhe de 38 espécies, que representam 38% do total de aves marinhas em território brasileiro. A latitude -23º apresentou as maiores médias do número de espécies encalhadas (0.013/km), mesmo nas diferentes estações. O inverno foi a estação com a maior média da quantidade de aves encalhadas (0,010/km). Esse período coincide com a migração do pinguim-de-magalhães na costa do Brasil, que ocorre entre junho e outubro. Aves juvenis representaram mais de 70% dos encalhes e aves costeiras predominaram em relação às oceânicas. O pinguim-de-magalhães foi a espécie mais frequente nos registros de encalhe. Além disso, os pinguins-de-magalhães, considerados como aves costeiras, por se tratarem de aves marinhas não voadoras, que vivem a maior parte de sua vida dentro da água, influenciam este resultado, uma vez que estão potencialmente mais suscetíveis aos impactos ambientais e antropogênicos.
O monitoramento de praias de longo prazo e em larga escala é fundamental para o entendimento de padrões de encalhes e identificação de espécies mais afetadas, essenciais para o estabelecimento de políticas públicas voltadas para a conservação das aves marinhas.
Banca avaliadora
Titulares
Dra. Patrícia Luciano Mancini – orientadora
Dr. Fernando Faria (FURG)
Dra. Larissa Schmauder Teixeira da Cunha (Pesquisadora do Instituto Mar Adentro)
Suplentes
Dra. Carolina Demetrio Ferreira (UFES)
Dr. Carlos Alberto de Moura Barboza (PPG-CiAC/UFRJ)