Entre 28 de agosto e 03 de setembro, o Professor Fernando Mayer Pelicice, que integra o Núcleo de Estudos Ambientais (NEAMB) da Universidade Federal do Tocantins, esteve no Nupem/UFRJ para participar de atividades extensionistas e de pesquisa.
A invasão por espécies de peixes de água doce e seus efeitos em ecossistemas naturais e artificiais, como rios barrados por usinas hidrelétricas, tem sido o foco principal das pesquisas realizadas pelo Professor Pelicice (Fotos 1-2). Os resultados de suas pesquisas na bacia do rio Paraná são contundentes: os reservatórios artificiais tem funcionado como portas de entrada para espécies exóticas, que em alguns casos, promovem a extinção local de espécies nativas pela predação ou competição.
A introdução de tucunarés (peixes amazônicos) no reservatório de Juturnaíba há mais de 20 anos, e o recente registro desse peixe no trecho abaixo da barragem, se constituem numa oportunidade inédita de pesquisa, com forte apelo ecológico e social. Este é o tema da tese de doutorado da bióloga Paula Araújo Catelani, no PPG-CiAC. Paula e uma equipe técnica, que incluiu seu co-orientador, o Professor Pelicice, realizaram o primeiro trabalho de campo para ajuste dos métodos de captura dos tucunarés do rio São João (Foto 3). Assim, pelos próximos 24 meses, a doutoranda vai investigar aspectos como a reprodução e os hábitos alimentares dos tucunarés e dos peixes nativos que coexistem no rio São João, num dos poucos casos conhecidos onde essa espécie que transpôs barreiras geográficas pela intervenção humana, colonizou ambientes costeiros.
Em sua estadia no Nupem/UFRJ, o Professor Pelicice ainda contemplou um público variado, formado por professores e técnicos, alunos de graduação e pós-graduandos da UFRJ-Macaé, além de representantes da guarda ambiental municipal com a interessante palestra intitulada Os ecossistemas naturais e o bem-estar humano (Foto 4). Nas palavras do Professor Fernando, que apresentou prognósticos lamentáveis da perda de qualidade de vida e comprometimento de serviços executados por ecossistemas como florestas e oceanos, o tema não é novidade e a crise ambiental que paira sobre as sociedades requer mudanças urgentes e drásticas nas esferas política, social e individual.