Entre os dias 5 a 9 de novembro de 2012, foi realizada nas instalações da Academia Nacional de Biodiversidade (ACADEBio), em Iperó-SP, a III Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Peixes Continentais, com os recortes das ecorregiões do Paraíba do Sul e Fluminense, em conjunto com a II Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Peixes Amazônicos. Estas oficinas estão sendo promovidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que possui como meta avaliar, até 2014, o estado de conservação de todas as espécies de vertebrados brasileiros, de acordo com o compromisso firmado pelo Brasil na Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB.

Cerca de 40 pesquisadores de todo o país, incluindo os alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Conservação Paula Araújo Catelani e Vagner Leonardo Macedo dos Santos, participaram desta etapa crucial do processo promovido pelo ICMBio. Nesta oficina foram avaliadas 309 espécies, sendo 188 espécies amazônicas da família Loricariidae (que inclui os peixes popularmente conhecidos como cascudos e bodós, entre outros), além de 121 espécies de peixes de diversos grupos taxonômicos que ocorrem nas ecorregiões Paraíba do Sul e Fluminense. Informações como distribuição geográfica, impactos conhecidos e prováveis, e possíveis tendências de variação populacional, foram utilizadas com o objetivo de estabelecer o risco de extinção de cada uma destas espécies, empregando a metodologia desenvolvida pela IUCN ("International Union for Conservation of Nature" - http://www.iucn.org), uma das principais organizações promotoras da conservação.

Das 188 espécies de loricariideos amazônicos avaliadas, 14 estão em risco de extinção, sendo três Criticamente em Perigo (CR), seis Em Perigo (EN), e cinco Vulneráveis (VU). Outras nove espécies do grupo merecem atenção especial por terem sido consideradas como Quase Ameaçadas (NT), o que indica que provavelmente entrarão em alguma categoria de ameaça nos próximos anos se medidas preventivas não forem adotadas. A boa noticia é que 117 destas espécies amazônicas foram consideradas como Menos Preocupantes (LC). Entretanto, 45 das espécies de cascudos amazônicos são muito pouco conhecidas, sendo consideradas como Dados Insuficientes (DD).

Das 121 espécies avaliadas de peixes das ecorregiões Paraíba do Sul e Fluminense, cinco foram categorizadas como Criticamente em Perigo (CR), sete como Em Perigo (EN), uma como Vulnerável (VU), 13 como Quase Ameaçada (NT), 58 como Menos Preocupante (LC), e 37 como Dados Insuficientes (DD). Entre as principais ameaças que impactam a fauna de peixes do Paraíba do Sul, estão a construção de hidrelétricas, introdução de espécies exóticas, e desmatamento da mata ciliar. O número de espécies de peixes de água doce do Estado do Rio de Janeiro consideradas como Dados Insuficientes é expressivo, e indica que mais estudos são necessários para que até mesmo alguns aspectos simples da biologia destes organismos possam ser compreendidos de maneira satisfatória.

Além de ser um evento importante para a conservação da fauna brasileira, essa Oficina possibilitou um contato direto entre os alunos do PPG-CiAC e alguns dos principais ictiólogos do país, em uma troca de experiências academicamente saudável.

fotoiperosite

UFRJ PPGCIAC - Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Conservação
Desenvolvido por: TIC/UFRJ