Recentemente, o mestrando do PPG-CiAC, Victor Coutinho da Silva, a graduanda de Ciências Biológicas, Isabelle Chagas Vilela Borges, e seu orientador, Prof. Pablo R. Gonçalves, todos do NUPEM/UFRJ, publicaram um artigo em colaboração com docentes e discentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), reportando um registro inédito de um dos marsupiais mais raros na América do Sul. O time da UENF foi capitaneado pela Profa. Adriana Jardim de Almeida, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Junto com seus estudantes, a Profa. Adriana construiu um ninho artificial em sua casa, nos limites da cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), para estudar o comportamento e a dieta de um casal de corujas. Mal suspeitavam eles que encontrariam entre as pelotas produzidas pelo casal um registro tão surpreendente. Segundo Isabelle, “As catitas do gênero Cryptonanus são pequenos marsupiais, cujas espécies contam com poucos registros, especialmente na Mata Atlântica. O registro documentado no artigo é o segundo no Estado do Rio de Janeiro, e o sexto no bioma Mata Atlântica.”

 As pelotas de coruja são regurgitos de itens não digeridos (geralmente ossos e pelos) das presas consumidas por corujas suindara (Tyto furcata), que em sua maioria consistem em pequenos mamíferos como roedores e marsupiais. Segundo Victor, “A grande riqueza de espécies presente nas pelotas faz delas um material muito relevante para entender a composição da fauna local. Então, o estudo minucioso dos restos ósseos recuperados nas pelotas nos permite reconhecer uma diversidade ainda maior do que a normalmente registrada por métodos mais tradicionais de estudo dos mamíferos”. A maioria dos mamíferos registrados foi de camundongos exóticos (Mus musculus), refletindo as características urbanas e agropecuárias da área onde as corujas caçam suas presas. Neste contexto “o registro, por nós documentado, mostra que as catitas do gênero Cryptonanus podem ocupar áreas degradadas por atividades agropecuárias na Mata Atlântica e que sua distribuição pode ser bem mais ampla”, complementa Isabelle.

 “Colaborações entre pesquisadores de diferentes instituições com a UENF e o NUPEM/UFRJ são essenciais para mapearmos a diversidade ainda desconhecida na Mata Atlântica. Essa união de esforços é fundamental para preenchermos as lacunas que ainda restam sobre as espécies de mamíferos no Norte Fluminense”, reforça Pablo, que iniciou a parceria com a Profa. Adriana há alguns anos. O artigo intitulado “Small mammals in the diet of Barn Owls (Tyto furcata) in an urban area in Rio de Janeiro state, Brazil, with a new record of the dwarf mouse opossum (Cryptonanus)”, foi publicado na Revista Brasileira de Biologia e pode ser acessado pelo link: https://www.scielo.br/j/bjb/a/8dfzHB85P4tTtLYbysMsYvh/?lang=en

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A coruja suindara (Tyto furcata), predadora de pequenos mamíferos, incluindo catitas do gênero Cryptonanus, no Norte Fluminense.

UFRJ PPGCIAC - Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Conservação
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